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Sou Scarletiana



Eu conheci a Cris Coelho no meio corporativo, no início dos anos 2000. Trabalhamos juntas em diversos projetos e aprendemos a nos superar a cada desafio. E o que começou com respeito profissional foi revelando afinidades e nos aproximando a ponto de nos tornar amigas.


Ainda nos nossos primeiros passos, lembro de uma passagem no dia internacional da mulher, com direito a cartãozinho e flor na gerência, em que, ao contrário de todas as demais mulheres com as quais convivíamos, que se sentiam homenageadas, ela, assim como eu, se indignavam ao receber aquele “parabéns pelo seu dia!” vazio.

 

Na verdade, o que almejávamos era equidade de gênero e um ambiente de valorização da diversidade, em que pudéssemos mostrar nosso potencial, não uma celebração especial (acredito na importância do manifesto dessa data, mas o que repudiávamos, já naquele tempo, era a hipocrisia de um “feliz dia da mulher” se não tínhamos a nossa voz ouvida nos demais dias do ano).


Testemunhamos nossas vidas mudando, com casamento e maternidade, e fomos as duas presenteadas por Deus com gêmeos (se conciliar carreira e maternidade já não era fácil, imaginem com gêmeos!) e tivemos que aprender a equilibrar a multiplicidade de papéis, conscientes da nossa responsabilidade diante de uma sociedade que espera, em seu âmago estrutural, que este conjunto não dê certo, para reforçar suas convicções.


Quase 20 anos depois, nossos caminhos se reencontram aqui, com esse convite para ser colunista da Maria Scarlet. Não tive dúvida em aceitar esse desafio, porque a Maria Scarlet fala sobre a liberdade do ser, sobre sonhar e perseguir, sobre acreditar em si.

 

Maria Scarlet é sobre autenticidade e respeito às diferenças. É sobre valorizar a diversidade e promover um ambiente em que todas tenham voz. Que comece aqui, na Revista, e ecoe na sociedade.


Abraçar esta oportunidade é também uma forma de me instigar a sair da famosa “zona de conforto” e ter a coragem de me jogar numa nova arena (numa legítima referência à Brené Brown).


Eu poderia ter usado uma série de justificativas – reais, sim, mas que não seriam a raiz -para não topar, que, no fundo, seriam desculpas nas quais eu até acreditaria, como a falta de tempo, de preparo técnico, de talento ou outro motivo que parecesse razoável. Por mais que algumas delas me pressionem, a razão mesmo seria o medo de me lançar no desconhecido. 


Como estar por inteiro na arena significa assumir sua verdade e emoções, é assim que eu já começo aqui, me revelando além da “casca” e assumindo que estou com frio na barriga, mas me jogando, inteira, para o que der e vier. E que seja o que Deus quiser!

 

Eu não estou me tornando Scarletiana, eu sou. Sim, eu sou Scarletiana, independentemente do meu gênero, da minha identidade sexual, da cor da minha pele, da minha crença religiosa, do meu estilo de vida. Eu sou Scarletiana simplesmente por ousar ser eu mesma e me mostrar de forma autêntica, porque acredito que este é o único caminho para ser feliz.


Tenho certeza que, no fundo, todos temos um pouco da essência da Maria Scarlet.


Matéria de Érica Saião para a coluna carreira

Encontre-a no Instagram: @erica.saiao

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