Cumprir combinados deveria ser básico nas relações. Até porque combinado significa acordo, pacto, acerto entre as partes. Um propôs, o outro concordou. Tá combinado.
No meio corporativo, então, em que estamos todos com um objetivo comum, às vezes pode parecer até óbvio. Mas como dizem, o óbvio muitas vezes precisa ser dito.
Eu sei que nem sempre garantir o combinado é tão simples assim. Às vezes, o “combinado” é mandatório. É isso e pronto. O outro é mensageiro de uma decisão tomada em outra instância. É sim ou sim. Acontece.
Outras vezes temos uma lista de prioridades, que nem sempre possibilita encaixar esses “novos combinados” sem ter que recombinar outros. Nesta hora, entra a nossa capacidade de negociar: é possível alterar o prazo dessa nova demanda? Se não for possível, você precisa renegociar os prazos das outras. Se você está inseguro devido aos impactos nas suas outras prioridades, é preciso alinhar com quem as direciona que este tema surgiu furando a fila. Quem sabe, até levar a uma instância acima, para confirmar que essa demanda virou a prioridade para todos. O que não pode acontecer é ignorar esses realinhamentos e deixar o outro esperando, porque ele está contando com o seu combinado.
Pode parecer bobagem, mas isso também é sobre respeito, espírito de colaboração e empatia.
Você já deve ter ouvido diversas vezes a frase que “o combinado não é caro”. Vamos pensar no contrário: não cumprir o combinado é caro.
Se um colega está aguardando uma etapa sua para cumprir uma entrega a um cliente ou um relatório importante, ele confia que a informação chegará no prazo combinado. Quando não chega, o tema, que era importante, vira urgente, então, outras pessoas são impactadas para fazer acontecer e recuperar o prazo, o que eleva o nível de estresse de todos os envolvidos. Horas adicionais, desgaste emocional. Custos invisíveis.
Na próxima vez, alguém tem dúvida que vai ter uma pessoa fazendo FUP de todas as entregas? Em outras palavras: impacto na confiança, HH adicional para atividades não-core, como controles, gente no cangote cobrando. (E tem tanta coisa mais produtiva para fazerem!) É... Não cumprir combinados sai caro para a organização e para a nossa qualidade de vida.
E olha aí a qualidade de vida, que todos queremos. Pequenas atitudes contribuem para isso. Quando a gente se planeja e cumpre os combinados, a gente contribui para o bem-estar coletivo.
Eu tenho certeza que você está pensando: “Isso não acontece aqui. Só pode ser na França!” Não precisa me contar, não. Vira segredinho nosso. Mas vamos cuidar?
Tá combinado?
Érica Saião para a coluna Mulher & Carreira
Encontre-a no Instagram: @erica.saiao