Você sabia que a Tensão Pré-Menstrual, famosa ‘TPM’ está listada no DSM V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais)?
Ouvimos frases diversas quando temos algum comportamento um pouco mais irritado, triste ou impaciente: “ela deve estar de tpm”, “isso é tpm”, “deve estar menstruada”. Pode ser que sim, mas a expressão também aparece constantemente como uma forma de desvalorizar os sentimentos femininos.
E, na verdade, a ‘TPM’ se enquadra como um transtorno mental durante seu período, pois oferece diversas alterações fisiológicas e emocionais para a mulher.
‘TPM’ não é frescura, não é fingimento, não é invenção, é REAL.
No DSM V, a ‘TPM’ está caracterizada como “Transtorno Disfórico Pré-menstrual”, e tem como sinais e sintomas:
Labilidade afetiva acentuada (p. ex., mudanças de humor; sentir-se repentinamente triste ou chorosa ou sensibilidade aumentada à rejeição).
Irritabilidade ou raiva acentuadas ou aumento nos conflitos interpessoais.
Humor deprimido acentuado, sentimentos de desesperança ou pensamentos autodepreciativos.
Ansiedade acentuada, tensão e/ou sentimentos de estar nervosa ou no limite.
Interesse diminuído pelas atividades habituais (p. ex., trabalho, escola, amigos, passatempos).
Sentimento subjetivo de dificuldade em se concentrar.
Letargia, fadiga fácil ou falta de energia acentuada.
Alteração acentuada do apetite; comer em demasia; ou avidez por alimentos específicos.
Hipersonia ou insônia.
Sentir-se sobrecarregada ou fora de controle.
Sintomas físicos como sensibilidade ou inchaço das mamas, dor articular ou muscular, sensação de “inchaço” ou ganho de peso.
Dessa forma, podemos observar que os sintomas da ‘TPM’ podem interferir diretamente na qualidade de vida, relações familiares e sociais e no desempenho de tarefas e atividades, podendo gerar sentimentos de frustração e incapacitação.
Porém trago a reflexão que os efeitos da ‘TPM’ podem ser controversos na sociedade. Da mesma forma que não é frescura, eles existem e acontecem, também pode aparecer como justificativa. É uma linha muito tênue entre a existência e a justificativa, e na verdade, acaba se enquadrando em uma longa e cansativa discussão sobre os diagnósticos, de que forma eles ajudam e de que forma atrapalham.
A ‘TPM’ gera sintomas emocionais e físicos por conta da alteração hormonal que acontece com a mulher nesse período. Então não, a mulher não é “louca”, “chata”, “desequilibrada” nesse período, mas sim passa por uma mudança fisiológica que acarreta em sintomas psicológicos.
E deveria ser tratada com mais naturalidade e empatia, ao invés de usar como peso. Vejo muitas falas do tipo “ela está de tpm, melhor não falar com ela”, ou “você surtou porque está menstruada”. Vemos uma desvalorização dos sentimentos femininos nesse momento, que sim podem estar mais acentuados, mas não deixam de ser sentimentos reais, que existem, e estão ali, às vezes trazendo sofrimento.
E o que seria o ideal para lidar com a famosa e assustadora ‘TPM’? Deixar de ser assustadora… ser apenas um momento. Por que quando um homem chega nervoso do trabalho e explode, ele não é contestado ou questionado, não é visto com olhares de repulsa, apenas é aceito, e a mulher de ‘TPM’ é vista como um bicho de sete cabeças que precisa ser domado ou ignorado?
Por que ignorar esse momento? Ao invés de ignorar, podíamos aceitar, entender e acolher!
Antonella Borghesi para a coluna empoderamento feminino
Encontre-a no Instagram: @psi_antonella