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Trans no esporte



…ser ou não ser William?


Quando criado os Jogos Olímpicos, em homenagem pan-helênica a deuses gregos. O propósito principal, era reunir povos gregos de diversas cidades e colônias. Os jogos acabaram se tornando o maior e mais importante evento esportivo da época. Tais jogos eram restritos apenas e exclusivamente aos participantes homens. Os primeiros jogos aconteceram 776 a.C. Isto até 393 d.C. Quando o imperador Teodósio baniu rituais considerados pagãos para estabelecer o Cristianismo como uma religião estatal romana. Em 1896, as olimpíadas retornam a Atenas, por iniciativa de um francês – Pierre de Frédy, mais conhecido como o Barão de Coubertin. Mulheres ainda não podiam participar. Somente trinta anos depois, a presença feminina foi permitida.


O título da primeira mulher a participar de jogos olímpicos, pertence à Charlotte Cooper, uma tenista britânica. Ela foi a primeira mulher a participar das olimpíadas, isso em 1900, e a conquistar medalha de ouro no tênis em uma Paris linda e tão elegante que abre as portas do esporte para as minas. A mulher somente em 2012 conseguiu participação em todas as modalidades. Manda ver Amapôa! Uma luta travada há anos por algumas que insistiram na participação. O Brasil teve a sua primeira atleta a participar das olimpíadas de verão que foram em Berlin em 1936 a nadadora Maria Lenk.  Esta moça, pioneira na natação moderna, estabeleceu um Record Mundial e tornou-se a principal nadadora brasileira e foi a única mulher de nosso Brasil varonil a ser introduzida no “Swimming Hall of Fame”. Uma espécie de “Salão da Fama” dedicado a esportistas.

Apesar de lutas como a da Maria Lenk e da britânica Charlotte Cooper, mulheres fortes e revolucionarias no esporte que travaram lutas incansáveis para a entrada e participação de mulheres nos esportes. O preconceito ainda é presente.


Novidade? Nenhuma. Em particular a luta travada pela brasileira fica ainda mais emocionante quando se descobre que esta mulher começou a nadar no rio Tietê, por não haver piscinas à sua disposição naquela época, isso em 1925, e seu gosto pela natação surgiu depois de ter pneumonia. O rio em questão era limpo.


Estas mulheres fizeram história, revolucionando e quebrando paradigmas, enfrentando preconceitos e nos deixando um legado que deveria servir de exemplo para quando discussões com qualquer conotação preconceituosa surgirem, sejam elas denotativas e ou literais com os demais e que remetam para um campo de discussões delicado e sem base, no mínimo deveríamos adquirir carga semelhante às dessas mulheres e tentar desfazer o suposto “equívoco”.


Nas últimas olimpíadas em Tóquio 2020, a pandemia tornou-se coadjuvante para uma história que como protagonista havia uma mulher transexual competindo na categoria superpesada feminina de halterofilismo – Lauren Hubbard uma atleta da Nova Zelândia. Sim senhoras e senhoras… A moça era muito forte.  Como pano de fundo a triste polêmica da participação de atletas transexuais nas olimpíadas e jogos. Devem os transexuais ter o direito de participar e permissão de competir em eventos esportivos femininos? No caso da Lauren, e se sim, quais são as regras? Bem senhoras e senhores és que se instaura as controvérsias. Aqueles que defendem dizem que excluir as atletas trans é um ato discriminatório causando um significativo aumento ao preconceito. Sem contar nos danos psíquicos. Os contra, dizem que atletas trans têm vantagens físicas nas competições femininas.


Na terra do tio Sam, a participação de atletas trans no esporte está em debate, ou melhor no centro de uma guerra cultural entre os ditos conservadores e os apoiadores do atual, graças, presidente Joe Biden, que pedem uma maior inclusão de atletas trans. Na mesma olímpiada de Tóquio, a seleção de futebol canadense, que entre as suas jogadoras têm uma transexual – Quinn, a primeira atleta trans não binaria. Vence a seleção americana e derrota a Suécia, mesmo sendo nos pênaltis, por 3×2, tornam-se campeãs olímpicas e leva para casa canadense a primeira medalha de ouro da história. Em terras brasilis, existe um projeto de lei do deputado estadual, em São Paulo, Altair Moraes do PRB, que estabelece o sexo biológico como único critério para definição do gênero de competidores em partidas esportivas oficiais no estado de São Paulo. O deputado estadual propõe que seja vedada a atuação de atletas transexuais.


Batendo de frente, ainda bem, existe a determinação do Comitê Olímpico Internacional o COI que diz – “ O artigo 217 da Constituição Federal de 1998 assegura a autonomia às entidades esportivas, ou seja, as associações, federações e clubes cuidam do que é delas. Não cometendo crime previsto em Lei, sendo assim as entidades são responsáveis por seus campeonatos, atletas e regras. E aqui dou graças.


O COI aconselha as entidades esportivas a permitirem a participação de atletas transexuais mulheres em suas disputas se os níveis de testosterona estiverem e assim permaneçam abaixo de certo limite ao menos durante um ano. No caso dos homens trans, estes ficam livre de tal determinação e restrições. A preocupação do COI, é garantir a inclusão e ao mesmo tempo, manter a justiça no esporte.  Inclusão, Manter, Garantir e Justiça na mesma frase…. hum! sei não.

Polêmicas à parte, sempre aqui ou ali irão surgir um comentário ou outro sobre a jogadora de vôlei Tifanny. A moça é a primeira transexual a disputar a Superliga, competição de elite do vôlei nacional. Em um passado ainda não totalmente esquecido, o ex-técnico/treinador da Seleção Brasileira, casado com uma ex-jogadora de vôlei, pai de um jogador de vôlei… Bernadinho despeja um comentário sobre a jogadora do Bauru, na época, logo após a atleta marcar um ponto em cima do SESI-RJ. Para infelicidade do ex-técnico e felicidade dos plantonistas a reação do ex-técnico foi flagrada pelas câmeras que faziam a cobertura e transmissão do jogo. Claro isso repercutiu muito mal e o senhor em questão veio a   público pedir desculpas a atleta. O que as câmeras flagraram saindo da boca do ex-técnico? “Um homem, é foda”.  Desculpa senhor, mas ela é uma moça.


Um desabafo – Tifanny Abreu é mulher, jogadorA, profissional, com um detalhe de relevância – joga muito. Nasceu no interior do Pará, em uma cidade pacata com nome de santa – Conceição do Araguaia, por tanto brasileirA. Compôs alguns elencos de grandes equipes do vôlei nacional. Fez alguns sacríficos para conseguir ser o que sempre sonhou “Mulher”. Cirurgias, tratamentos hormonais, diminuiu os seus “teores” de testosterona.


Pensou que não voltaria ao vôlei profissional. A Federação Internacional de Vôlei – FIVB – A entidade reguladora do vôlei no planeta, entregou a atleta, em 2017, uma autorização formal para que a moça conseguisse se inscrever- em ligas femininas. O time de vôlei feminino do Bauru, honrosamente comprou a briga e contratou Tifanny Abreu. Nada disso livrou a atleta de sempre, constantemente precisar declarar e atestar  ter quantidade de testosterona controlada, somente assim conseguiria competir. O nível permitido é de até 10 nanomol de testosterona por litro de sangue no último ano. Curiosidade – o nível da atleta é de 0,2nanomol/l.


Sou grata a algumas pessoas envolvidas no esporte que se declaram avessas a qualquer julgamento que não o justo, entre eles, o cara gente boa demais, Bebeto treinador da seleção feminina de vôlei. André Rizek jornalista, apresentador e comentarista de esporte, Thaisa jogadora de vôlei, bicampeã olímpica. A norte americana também jogadora de vôlei Destinee Hooker. Que jogou no Brasil um período. Fabi Alvim, da seleção brasileira.


O próximo jogo não resolverá os problemas vergonhosos de preconceito enfrentados por nossas e nossos atletas trans. Não depende da medicina ou de depoimento de especialistas. É, e sempre será educação e respeito.


Coragem Tifanny Abreu. Conta comigo

Encontre-a no Instagram @jogepinheiro


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