Tudo ao redor reflete o que sentimos, o que gostamos, o que queremos. Tudo para para esperar os nossos desejos e os anseios de tornarmos efêmeros e constantes. É o quente da vida que passa tão depressa que mal conseguimos admirar a beleza que é ser mais um no meio da multidão. Somos tão inconstantes, tão pequenos, tão ingênuos...
Pedimos mais amor mas não conseguimos dar nem metade de todo esse amor para o próximo. Somos infiéis à nós na mesma medida em que somos infelizes com as escolhas erradas que fazemos. Não mudamos por pura preguiça, por descaso com a vida que podia ser melhor, mas que está tão ajustada ao nosso cotidiano que preferimos não tocar. Nos lembramos depois de pedir para trocar a lâmpada da sala, mas percebemos que já existe luz vindo da varanda, que ilumina o suficiente a vida que insiste em passar nesse sofá bonito, mas que está desgastado nas extremidades, e cuja espuma já afundou o bastante para pedir a sua troca. Deixamos a sala como está e seguimos para o quarto, para o espaço sagrado em que recostamos nosso corpo; o mesmo corpo que se esforçou tão arduamente para nos dar prazer, mas que terminou exausto depois de mais um dia ordinário.
Nos cobrimos de culpa e fechamos os olhos cansados de ver tanta alegria ao nosso redor... queremos que tudo funcione de forma adequada e genuína para nós, em um compasso de malevolência e esperteza, em uma sintonia única, feita na medida exata para nós.
Fui! (escutar a minha canção favorita, aquela que aquece meu coração quando não consigo enxergar a beleza do comum...)