Você já se sentiu sobrecarregada, com aquela sensação de que deveria dar conta de tudo, mas não está conseguindo? Se respondeu sim, deixa eu te falar duas coisas: a primeira, você não é a única; e a segunda, está tudo bem em não dar conta de tudo e precisar de ajuda.
As mulheres dos séculos XX e XXI celebraram muitas conquistas, mas também acabaram acumulando muitas funções, além de cobranças das mais variadas, vindas por todos os lados e de todos os âmbitos de suas vidas.
Em tese, precisamos nos destacar como profissionais, de preferência estarmos bem-sucedidas antes dos 30, casadas e com filhos. E, claro, mesmo que nos tornemos grandes mulheres de negócios, ainda assim julgam que devemos ser boas donas de casa e jamais nos descuidarmos da nossa forma física e da boa aparência. Ou seja, para darmos conta de tudo isso, precisaríamos ser super-heroínas. A gente até tenta, não é mesmo?
Na ânsia de conseguirmos essas realizações e bom desempenho em todas essas funções é quase inevitável acabarmos sobrecarregadas. E é aí que mora o perigo.
Dedicação excessiva a essas jornadas duplas ou triplas, pode gerar um cansaço a ponto de nos esgotar e com isso deixarmos de lado a nossa essência e o que nos faz feliz de verdade. Esquecemos que precisamos e merecemos uma folga para o corpo e para a mente e o quanto é bom fazermos algo por puro prazer.
Já ouviu falar da síndrome de Burnout? Trata-se de um esgotamento físico e emocional relacionado ao trabalho desgastante e excessivo. Três características marcam a doença:
Exaustão física e emocional: dores musculares, cansaço extremo, desânimo, distúrbios do sono, solidão, raiva, impaciência, irritabilidade, mudanças bruscas de humor, sintomas depressivos e/ou de ansiedade, baixa autoestima, raciocínio lento e desesperança.
Despersonalização ou ceticismo e distanciamento afetivo: a pessoa começa a questionar suas escolhas e se torna ranzinza, irônica e negativista. Desenvolve ainda uma aversão à presença e opiniões de outras pessoas, isolando-se cada vez mais.
Baixa produtividade no trabalho: decorrente da insatisfação progressiva tanto na vida pessoal, quanto profissional.
Trago um alerta sobre a síndrome de Burnout. Apesar de ser pouco conhecida, está cada vez mais comum e eu mesma passei por isso. Adoeci de Burnout em meados de 2013.
Além de escritora, sou médica oftalmologista e logo que me formei, terminei a especialização e comecei a trabalhar, cedendo a todos os tipos de pressões possíveis. Eu dava tudo de mim, cheguei a trabalhar 14h por dia e não era valorizada. Somado a isso vinha uma vontade de ser mãe, eu já estava casada há dois anos e comecei a pensar que tinha chegado a hora da família crescer, mas apesar das tentativas, não conseguia engravidar.
O estresse, o cansaço, a desilusão e a falta de reconhecimento me levaram a um abismo de onde despenquei sem paraquedas. Fiquei muito mal, a ponto de questionar todas as minhas escolhas e entender que o que eu estava sentindo não poderia ser normal. Então procurei ajuda profissional de uma psiquiatra e de uma psicóloga.
Logo que comecei a me tratar, minha psicoterapeuta me aconselhou a buscar algo que me desse prazer, que resgatasse minha essência. Foi quando me lembrei de como amava escrever e de como tinha abafado, por tanto tempo, essa parte importante de quem eu era.
Saí da clínica onde eu trabalhava, fui para um lugar menor e mais tranquilo, diminuí minha carga horária, comecei a me exercitar e voltei a escrever. Após concluir meu primeiro romance, não tinha mais dúvidas de que era isso que eu precisava para ajudar a manter o meu equilíbrio emocional. O que começou como um hobby logo se tornou minha segunda profissão. Hoje já tenho 25 títulos publicados, histórias que vão desde o drama, passando pelo romance romântico, até a literatura erótica.
Em 2017 resolvi escrever um livro que abordasse a síndrome de Burnout. Em 2020 tive a honra de ser convidada para publicar essa história por uma editora que estava começando no mercado e assim, Cansei de ser a Mulher-Maravilha foi lançado no início deste ano. Ele está disponível em versão digital na Amazon e em livro impresso, à venda no site www.benditalivraria.com.br. Deixo aqui o convite para você conhecer essa história linda, que trata de um assunto tão importante e que certamente te fará refletir sobre a vida.
Para encerrar, deixo um recadinho: corra atrás dos seus sonhos e objetivos, mas nunca se esqueça de quem você é e o que te faz feliz. Não queira carregar o mundo nas costas, está tudo bem não dar conta de tudo. Peça ajuda sempre que achar necessário. Aprenda a dizer não e a impor os seus limites. Cuide da sua saúde física e emocional.
Beijos e até semana que vem!
Renata R. Corrêa para a coluna Universo feminino
Encontre-a no Instagram: @renata_rcorrea