Calma, mulherada, eu sei que muitas temos restrições alimentares, dietas para manter a saúde, mas proponho uma reflexão: quantas vezes você já comeu algo que gosta, (e que pode comer) e se sentiu culpada depois? Eu amo sorvete, como um pote num dia de calor ou carência. Até a bem pouco tempo atrás, eu já burra velha, minha mãe me via e criticava minha barriguinha. “isso é o sorvete. Com a idade, fica difícil perder a barriga.” E lá ia eu pagar o treino da penitencia, com a consciência mais pesada que os halteres... Gente, eu tenho tendência a emagrecer! (sou uma bruxa horrorosa, sei, minhas amigas sempre me dizem) Por que me privar de algo que gosto, que não faz mal a minha saúde, e que eu não como todo dia em doses cavalares? O segredo está no equilíbrio.
Mamãe tinha pouco estudo, mas uma curiosidade enorme. E a alimentação saudável sempre foi um tema importante para ela. Quando criança, ela me obrigava a comer feijão (que eu achava sujo), bife de fígado (dispensa comentários), além de todas as frutas, legumes e verduras. Gosto de quase tudo, e como com prazer, graças a ela e seu poder de persuasão (come tudo; se não, apanha!). Sou uma pessoa saudável, como ela mesma foi a vida toda, e sei que, além da sorte, a boa alimentação contribuiu muito para isso. E ela trazia umas então novidades, que a gente não sabia nem onde encontrar. No começo dos anos 2000, me apareceu com um livrinho: “A importância da Linhaça na saúde”, da Conceição Trucom. Na capa, aqueles grãozinhos parecendo comida de passarinho me chamaram a atenção. Mas isso era pra gente comer? E assim foi com a quinoa, chia, e até alpiste mesmo. Hoje, sigo a Conceição no instagram, ela traz dicas bem legais sobre alimentação saudável e sobre minhas queridinhas do jardim, as PANCs (plantas alimentícias não convencionais).
Mas afinal, eu estou falando em comer de tudo, ou comer saudável? Estou falando que comer de tudo que você possa, em doses equilibradas, é comer saudável! Em excesso, até chá de camomila faz mal. Este equilíbrio é muito individual, precisamos descobrir o nosso, seja na tentativa-e-erro, ou com ajuda de profissionais. Eu encontrei o Ayurveda na pandemia, e comecei a seguir algumas das sugestões de alimentos em função do meu perfil biológico.
É importante a gente não se privar do que gosta! Mas muitas vezes, temos que fazer sacrifícios em prol da saúde. Meu namorado se forca a comer salada todo dia. Quando eu argumento com ele que alface é gostoso, ele rebate: gostoso é sundae! Eu como mamão todo dia de manha, para regular o intestino. Ele estava na minha casa no domingo, e quando me viu comendo o mamão, exclamou “mas até no fim de semana?!” O que para ele é um sacrifício, eu faço com prazer. Aí ajuda, né? Agora mesmo, interrompi a escrita aqui pra vocês, e fui lanchar um potinho de gelatina. Adoro!
Continuo tomando meu sorvetinho, moderadamente, e minha barriguinha as vezes está maior, outras diminui um pouquinho. Não é só ele o culpado, a cervejinha do fim de semana ajuda bastante. Mas são prazeres dos quais não abro mão, por questão estética nenhuma! Aproveitando enquanto a saúde permite, porque um dia posso não poder mais... e você, consegue equilibrar a fome com a vontade de comer?
Ana Lucia Leitão para a Revista MS.
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